segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ex-reitor diz que Gieduc é pioneiro na retomada do debate sobre tema no país

"Individualmente vivemos um tempo menor que o necessário para experimentar as mudanças. Perdemos nossa capacidade de transcender, de se tornar humano, de olhar para além de si mesmo, porque o egoísmo e o individualismo dominam as relações atuais. Este encontro me deixa muito feliz porque vem na direção contrária a tudo isso. Ao promover este encontro, vocês estão sendo pioneiros capazes de retomar os caminhos da humanidade, porque estão resgatando esta transcendência e a caminhada pela inclusão dos jovens na universidade. O Gieduc é pilar mestre da retomada da briga pela universidade comunitária neste país." A afirmação foi feita esta manhã (21) no auditório Ruy Hülse pelo ex-reitor da Unijuí, professor doutor Walter Franz. Considerado uma das maiores autoridades científicas do país nas pesquisas sobre Comunitarismo, ele esteve na Unesc à convite do Grupo Interdisciplinar de Estudos e Debates sobre Universidade Comunitária (GIEDUC) abrindo o Ciclo de Debates. A atividade foi coordenada pelos professores doutores Ilton Benoni e Sérgio Graziano. Também foi lançado o blog da Universidade Comunitária, que poderá ser acessado pelo endereço universidadecomunitaria.blogspot.com. ConcepçõesO ex-reitor iniciou sua fala lembrando que as concepções de universidade comunitária são concepções históricas e, como tais, são resultado da política, da economia, da cultura e da sociedade e que, infelizmente, perdeu-se muito desta característica. "Os bancos, o agronegócio, brigam e ganham. E nós, das comunitárias, não fazemos isso, esquecemos. Vale a pena brigar, sim", disse. Para o professor, a universidade é um lugar muito especial, uma ponte entre o universal e o particular, entre o global e o local, lugar do debate, lugar aberto para engajar-se, onde as pessoas devem ir para falarem, para debaterem seus problemas, suas necessidades. Também é o lugar de formação e qualificação, onde o ser humano possa capacitar-se. Lugar que deve se relacionar com o mercado e os governos, mas que deve ir muito além disso, porque cabe a ela interpretar o mundo. "Formar bons médicos, administradores, engenheiros faz parte do seu papel, mas sua função não é só isso e não pode se resumir nisso", falou. "A universidade é o lugar da liberdade, inclusive para respeitar a liberdade do outro". Novo modeloO palestrante falou que na prática da organização e do funcionamento do ensino superior brasileiro, se constata a existência e a construção de um novo modelo de universidade. Nesse novo modelo, o termo comunitário aparece como a idéia força que agrega para a viabilidade de um projeto comum. Comunitário, segundo ele, dá a entender muita coisa, a começar a partir de onde ele se situa, da universidade ou da fundação mantenedora da mesma. A imprecisão conceitual, por outro lado, diz o pesquisador, diminue quando se materializa em ações sociais, desperta identidade, mobiliza intenções e ações. Universidade comunitária, para Franz, deve ser entendida como parte da construção e ampliação dos espaços da esfera pública-não estatal nos quais os deveres e os direitos da educação são discutidos e construídos. "A universidade não é um supermercado", advertiu. "Precisamos organizar esses espaços, mobilizar-se frente ao Estado, para que ele tenha maior compromisso com este espaço, que canalize mais recursos onde está a maioria dos nossos jovens."Frases - Cerca de 20% da humanidade cabe no modelo econômico e político atual e 80% está excluída. Não gostaria de passar por aqui sem falar da minha indignação sobre isso. - A humanidade precisa ser reorientada para o comunitarismo. Autores dizem que precisaremos de 150 anos para isso. Sou mais otimista, e acredito em menos tempo.- O conteúdo ideológico é tanto maior quanto menor for a abertura do projeto em direção à participação da sociedade civil. - O novo modelo não nasce do núcleo do poder público-estatal, mas na sua periferia, muito mais como expressão de vozes populares, da ausência do Estado, do que da liberdade constitucional ou da possibilidade legal existente em favor da iniciativa privada no campo da educação. - Sua construção (do novo modelo) atua como processo pedagógico de educação e capacitação política de seus integrantes.- Das mais de 2.200 instituições de ensino superior existentes no Brasil, menos de 170 são universidades. Dessas, menos de 10% são universidades comunitárias.- Santa Catarina tem 10 universidades comunitárias e o Rio Grande do Sul tem oito. Juntas, somos mais de 10% das universidades brasileiras.
Jornalista Responsável: Janete Triches

Matéria completa, com fotos: http://www.unesc.net/noticias/index.php?id=3609

0 comentários: