quinta-feira, 8 de maio de 2008

Universidade Comunitária: Da utopia para topias possíveis

Professora Leila Lourenço
e-mail:leilalourencocdp@hotmail.com

Há um livro, escrito em 1985, por alguns autores brasileiros conhecidos no meio universitário por suas idéias e práticas transformadoras do fazer e do pensar sobre o lugar que ocupa uma universidade na sociedade brasileira. Esse livro nasceu da reunião deles, professores universitários, que militantemente, discutiam e definiam qual deveria ser o papel de sua disciplina na universidade e na discussão sobre universidade. Essa disciplina era a Metodologia Científica, o livro “Fazer Universidade: Uma proposta metodológica”(Cortez) e os autores Cipriano Luckesi, Elói Barreto, José Cosma e Naidison Baptista.

Eles trazem , por exemplo, à memória, o importante papel de um outro educador, chamado por eles de profeta, Anísio Teixeira, que lá nos idos da década de 1930 já refletia sobre algo que ainda não ocorre em muitas universidades, lembremos o seu clamor:
1- A universidade deve ser um centro de debates livre de idéias e
2- que “[a]universidade brasileira, além de preparar profissionais para as carreiras liberais e técnicas que exigem uma formação de nível superior, o que tem havido é uma preocupação muito fluída com a iniciação do estudante na vida intelectual. Daí poder-se afirmar que, ressalvando o aspecto habilitação profissional, a universidade brasileira não logrou constituir-se verdadeiramente como uma instituição de pesquisa [...], nem logrou se tornar um centro de consciência crítica e de pensamento criador” ( Apud LUCKESI et al, 1985, p.35)

Esses professores defendem amplos debates sobre a concepção, organização e funções de uma universidade. Eles defendem e têm a coragem de dizer, por exemplo, que querem uma universidade democrática voltada inteiramente para as lutas democráticas, e mais, que o corpo universitário, professor-aluno e administração, necessita de espaço para assumir, cada um a seu nível a responsabilidade pelo todo. E são bem explícitos quando dizem : “ pretendemos um corpo universitário que lute para eleger seus diretores a partir de critérios que correspondam aos objetivos da Universidade. Um corpo universitário não mais deve presenciar passivamente a nomeação de dirigentes universitários estribada em critérios antidemocráticos de simpatia, serviçalismo e subserviência ao poder dominante, político ou econômico.(Idem, p.44)

Quero, por fim, terminar de contar sobre as memórias que achei importante “desmemoriar” nesse livro, que é atual e que junto minha voz a deles quando dizem: “Queremos, enfim, uma universidade onde possamos lutar para conquistar espaços de liberdade. Enquanto pensamos livremente, questionamos livremente, propomos livremente e livremente avaliamos a nossa responsabilidade . (Ibidem, p.44)

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